Mami Mariana – Das imagens e das palavras reais ou imaginadas, da perda e do labirinto da ausência 28/07/2009
Posted by rama in Mamis, Mamis em projecto.Tags: amor, ausência, Dicionário Khazar, inspirações, Jorge Luís Borges, Mami Mariana, Mamis, Mariana Alcoforado, Matisse, Modigliani, perda, Spini
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Lettres d'une religieuse portugaise (Mariana Alcoforado), Paris: Teriade, 1946 (edição das Cartas Portuguesas com litografias de Matisse)
Num consegui acabar de ler o Dicionário Khazar. Nunca desvendei este mistério.
Tenho a versão feminina, e lembro-me de ter feito uma pesquisa na Internet para tentar apanhar as diferenças entre esta versão e a masculina. Lembro-me também de ter encontrado o que procurava. Mas não me lembro do que encontrei. Castigo de Deus. É bem feito, para aprender a não fazer batota.
A partir da próxima semana recomeço a lê-lo.
Quando abri o livro (há quantos anos estaria o dicionário à espera disto?), (re)encontrei uma dedicatória do Spini, acompanhada de um texto do Jorge Luís Borges:
A posse do ontem
Sei que perdi tantas coisas que não poderia contá-las, e que essas perdas são agora o que é meu. Sei que perdi o amarelo e o preto e penso nessas impossíveis cores. Como não pensam os que vêem. O meu pai morreu e está sempre a meu lado. Quando quero escandir versos de Swinburne, faço-o, dizem-me, com a voz dele.
Lettres portugaises, frontispício da 1.ª edição - Gabriel-Joseph de La Vergne, comte de Guilleragues
Só o que morreu é nosso, só é nosso o que perdemos.
Ilíon passou, mas Ilíon perdura no hexágono que a chora. Israel aconteceu quando era uma antiga nostalgia – todo o poema, como o tempo, é uma elegia. Nossas são as mulheres que nos deixaram, já não sujeitos à véspera, que é angústia, e aos alarmes e terrores da esperança. Não há outros paraísos que não sejam paraísos perdidos.

Soror Mariana Alcoforado por Modigliani (1930) - «Aqui onde estou é o meu limite.» (Dicionário Khazar)

Soror Mariana Alcoforado por Matisse (1946) - «Espero teu retorno, que tornará as cartas e os dias supérfluos. E pergunto-me: será que então aquele outro ainda me escreverá, ou será apenas noite?» (Dicionário Khazar)